A estrutura da alma
VI - A ESTRUTURA DA ALMA1
FONTE: JUNG, Carl Gustav. A Natureza da Psique. Tradução de Pe. Dom Mateus Ramalho Rocha, OSB. Petrópolis:
Vozes, 1984, capítulo VII, volume VIII/2 das Obras Completas.
NOTA: Os números em colchetes referem-se à numeração original dos parágrafos e servem como referência para citação bibliográfica.
[283] Como reflexo do mundo e do homem, a alma é de tal complexidade que pode ser observada e analisada a partir de um sem-número de ângulos. Com a psique acontece justamente o mesmo que acontece com o mundo: porque uma sistemática do mundo está fora do alcance humano, temos de nos contentar com simples normas artesanais e aspectos de interesse particular. Cada um elabora para si seu próprio segmento do mundo e com ele constrói seu sistema privado para seu próprio mundo, muitas vezes cercado de paredes estanques, de modo que, algum tempo depois, parece-lhe ter apreendido o sentido e a estrutura do mundo. Ora, o finito não pode jamais apreender o infinito. Embora o mundo dos fenômenos psíquicos seja apenas uma parte do mundo como um todo, é justamente por esta razão que parece mais fácil apreender uma parte do que o mundo inteiro. Mas deste modo estar-se-ia esquecendo que a alma é o único fenômeno imediato deste mundo percebido por nós e por isto mesmo a condição indispensável de toda experiência em relação ao mundo.
[284] As únicas coisas do mundo que podemos experimentar diretamente são os conteúdos da consciência. Não que eu pretenda reduzir o mundo a uma idéia, a uma representação do mundo, mas o que eu quero enfatizar é como se eu dissesse que a vida é uma função do átomo do carbono. Esta analogia mostra-nos claramente as limitações da ótica do profissional à qual eu sucumbo, ao procurar dar alguma explicação do mundo ou mesmo uma parte dele.
[285] Meu ponto de vista é, naturalmente, o ponto de vista psicológico, e mais especificamente o do psicólogo prático cuja tarefa é encontrar, o mais depressa possível,
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