A especialização regressiva: um balanço do desempenho industrial pós-estabilização. Coutinho
Coutinho
As grandes transformações tecnológicas e organizacionais e a integração restrita da economia mundial – nos anos 80 – afetaram o Brasil e a América Latina de forma multiplamente desfavorável. As razões conhecidas são:
- a “crise da dívida”, deflagrada pela abusiva elevação da taxa de juros pelo FED entre 1979 e 82, marginalizou o país do sistema de crédito internacional, segregando a economia brasileira do mercado financeiro mundial até o início dos anos 90
- a grave desorganização das finanças públicas, decorrente da “crise da dívida”, minou a capacidade ordenadora do Estado abrindo o caminho para uma violenta instabilidade inflacionária, que deprimiu a acumulação produtiva e afastou os investimentos externos de risco
- a perda de dinamismo da economia brasileira nos anos 80, com significativo declínio dos investimentos, associada à dificuldade de acesso das exportações brasileiras aos mercados dos países desenvolvidos, conduziram a uma defasagem na absorção das transformações tecnológicas e organizacionais e a uma perda de posição do país no comércio internacional
- a intensificação das fricções comerciais interblocos e o exercício cada vez mais agressivo de pressões unilaterais pelos EUA, reduziu os graus de liberdade das políticas nacionais de desenvolvimento.
Se a década de 80 foi madrasta do ponto de vista do financiamento externo, tendo obrigado o Brasil e a América Latina a transferir um fluxo relevante de recursos aos credores, no início da década de 90 ocorreu uma reviravolta: os bancos centrais reduziram as taxas de juros devido à recessão econômica. Isso criou uma busca generalizada por aplicações alternativas e permitiu aos mercados emergentes atrair capitais financeiros em escala crescente entre 1991 e 1993.
Os países em desenvolvimento foram inundados por capitais externos. Esse forte ingresso de capitais permitiu congelar ou estabilizar as taxas