A ECONOMIA LATINO-AMERICANA
CELSO FURTADO, 1976
As novas formas da dependência externa
“No período que se segue à Segunda Guerra Mundial ocorreu uma significativa evolução nos mecanismos da cooperação financeira internacional. Nos dois decênios que se haviam seguido à crise de 1929, o montante dos investimentos estrangeiros na América Latina declinara”. (Furtado, 1976, pp. 219)
... “Durante os dois decênios referidos, as economias da região haviam prosseguido o seu desenvolvimento apoiando-se essencialmente, no que respeita aos países de industrialização mais avançada, na poupança interna. Mais ainda: parte importante da dívida acumulada no período anterior foi liquidada graças a saldos favoráveis de balança comercial acumulados durante a guerra”. (Furtado, 1976, pp. 219)
“A evolução ocorrida no imediato pós-guerra realizou-se, inicialmente, em duas direções. A primeira consistiu em delimitar áreas em que se interditava a atuação de empresas estrangeiras. Assim, foi reformada a Constituição mexicana, em 1938, no sentido de preservar para o Estado a exploração”. (Furtado, 1976, pp.219)
“A segunda linha de evolução diz respeito à utilização crescente de instituições internacionais de crédito como intermediários financeiros dos governos nacionais da região. Em 1948 e 1971 o Banco Mundial concedeu a empresas privadas ou públicas, com aval dos governos regionais, empréstimos no valor de 5,3 bilhões de dólares. Estes empréstimos foram utilizados em sua quase totalidade em obras de infra-estrutura”... (Furtado, 1976, pp.220)
... “Entre 1961 e 1974 o BID concedeu empréstimos no montante de 7,4 bilhões de dólares, do quais 58 por cento já foram desembolsados. Do valor total dos empréstimos, 23 por cento se destinaram à agricultura e 15 à indústria”... (Furtado, 1976, pp.221)
“... Dessa forma, o BID vem se transformando no intermediário financeiro dos governos latino-americanos junto aos mercados de capitais, o que representa uma enorme economia para cada país