a economia da borracha na amazônia
Orange Matos Feitosa – FFLCH/USP1
O símbolo máximo que ficará desta fortuna fácil e ainda mais facilmente dissipada é o Teatro Municipal de Manaus, monumento em que a imponência se une ao mau gosto, e para onde se atraíam, a peso de ouro, os mais famosos artistas da Europa que embora incompreendidos neste meio de arrivistas, atestavam a riqueza de um mundo perdido no âmago da selva tropical americana.
Caio Prado Júnior
Introdução
Este artigo busca analisar como a produção histórica no Brasil interpretou o período de expansão e “decadência” da economia da borracha, assim como as contribuições para avanço da temática e a memória reservada a História nacional. As versões localizadas ora se detinham na opulência gerada pela produção, comércio e posterior crise econômica, ora, buscavam se afastar dessa visão mencionando a dinâmica econômica, mas enfatizando os militares ou a violência sofrida pelos trabalhadores urbanos. Essas duas vertentes envolveram o tema em uma redoma impedindo o avanço dos estudos para diferentes aspectos não levados em conta por ambas as produções. Por sua vez, a historiografia nacional, talvez porque sujeita a dificuldade de acesso aos arquivos regionais no Pará e Amazonas, ou por desconsiderar este tema como menor, limitou-se a reproduzir o instituído, acentuando este ou aquele aspecto da dinâmica econômica do látex, mergulhando esse período da história regional em uma letargia sem fim, encerrando a discussão e não estabelecendo um diálogo com a documentação existente.
Buscando retomar essas posturas historiográficas orientadas por uma visão homogênea que justificou por outros modos o discurso corrente dos contemporâneos, sem base documental e
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Doutoranda em História Social na Universidade de São Paulo sob a orientação da professora Doutora Maria de
Lourdes Mônaco Janotti e bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do