A economia brasileira
É fato que o cenário econômico internacional mudou muito desde as primeiras evidências da crise imobiliária dos Estados Unidos, mas o que não se pensava era que isso ainda geraria grandes impactos globais mesmo quatro anos depois da quebra do Lehman Brothers. A crise se espalhou e atingiu fortemente os países europeus que praticavam irresponsabilidade fiscal sem levar em consideração que a qualquer momento essa bolha poderia explodir. E hoje, mesmo depois de todos os pacotes de ajuda e medidas de austeridade para salvar bancos e economias nacionais, pode-se dizer que a crise financeira é mundial e as suas repercussões são preocupantes. A partir da declaração do então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em outubro de 2008, de que a crise econômica mundial seria uma “marolinha” para o Brasil e da posição de observador em um cenário atual completamente diferente, pretende-se analisar qual foi o comportamento do Brasil durante esses longos quatro anos e traçar algumas perspectivas sobre o futuro do país.
No ano do colapso do sistema imobiliário estadunidense, o Brasil ainda apresentou índices de crescimento razoáveis até o terceiro trimestre, conseguindo fechar o ano com um crescimento de 5,4% do PIB. Entretanto, o que Lula não contava no momento da sua declaração era que, a partir do quarto trimestre de 2008 até esse mesmo período de 2009, a economia brasileira passou por um momento em que os índices de crescimento despencaram para abaixo dos 2% negativos em média por trimestre, um reflexo do forte baque pelo qual uma economia dependente da exportação de commodities passaria frente a um cenário de intensa crise de demanda. É evidente que o antigo Presidente acertou em partes, já que disse que os efeitos aqui seriam muito menores do que nos países desenvolvidos, nos quais os impactos foram relacionados com um “tsunami”. Entretanto, a comparação ficou desequilibrada na medida em que