A Distin O Entre O Texto Argumentativo E O
O menino tinha dez anos. Quase meia hora andando. No começo pensou num bonde. Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem feito que trazia, afastou a idéia como se estivesse fazendo uma coisa errada. (Nos bondes, àquela hora da noite, poderiam roubá-lo, sem que percebesse; e depois ...? Que é que diria a Paraná?)
Andando. Paraná mandara-lhe não ficar observando as vitrinas, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias comuns. Ia firme e esforçando-se para não pensar em nada, nem olhar muito para nada.
- Olho vivo – como dizia Paraná.
Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das ruas. Ele ia pelas beiradas. Quando em quando, assomava um guarda nas esquinas. O seu coraçãozinho se apertava.
Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma mulher. Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali, à noite. Pelo jardim, pelos escuros da
Alameda Cleveland. Ela lhe deu, ele seguiu. Ignorava a exatidão de seus cálculos, mas provavelmente faltava mais ou menos uma hora para chegar. Os bondes passavam. João Antônio. Meninão do caixote. São Paulo: Atual, 1983. (Fragmento)
Os pobres da Índia
A Índia é o segundo país que mais cresce no mundo – depois da China –, com média anual de 6% desde 1990. Dentro de dez anos, prevê um estudo americano, o produto interno bruto indiano será maior que o da Itália e em quinze anos ultrapassará o da
Inglaterra. O esplendor do crescimento contém um paradoxo: mais de 300 milhões de indianos, uma vez e meia a população brasileira, vivem com menos de 1 dólar por dia, abaixo da linha que separa a pobreza da miséria. Não há fórmula conhecida que seja capaz de tirar toda essa gente da miséria em curto espaço de tempo – mas o governo indiano tem algumas idéias novas. Na semana passada, Nova Délhi anunciou aquele que, a julgar pelas dimensões territoriais e pelo número de pessoas beneficiadas no primeiro ano (137 milhões), será o maior programa de combate à miséria já lançado no mundo.
Veja,