A cultura afro-americana
A cultura afro-americana compreende o grande conjunto de sobrevivências culturais africanas que podem ser encontradas nas Américas. Da música à culinária, das danças à religião, é quase impossível pensar atualmente num domínio da vida em que a presença dos afro-americanos, antes escravos oprimidos, não tenha adquirido com o tempo um papel de relevo, e muitas vezes de supremacia.
Não se sabe ao certo o número de africanos transportados para a América, com os quais se iniciou todo esse longo processo. Sabe-se, porém, que a população escrava foi submetida a uma tal pressão de aculturação, que as sobrevivências africanas encontradas na América não provêm em linha direta do tráfico dos séculos XVII e XVIII. Essencialmente, provêm do comércio negreiro do século XIX, mais próximo da supressão do trabalho servil e , por conseguinte, da possibilidade de que os africanos recuperassem a parte da cultura nativa adaptável ao novo meio.
O tráfico escravista trouxe para a América negros de diferentes etnias. Os grupos procedentes da África oriental (Moçambique, Angola e Congo) falavam dialetos da língua banto; os da África ocidental (Nigéria, Daomé e Costa do Ouro), dialetos da língua sudanesa. Esses negros diferenciavam-se não só pelos traços culturais (língua,gênero de vida e costumes) mas também pela constituição física. Ao mesclarem-se aos colonos europeus e às populações indígenas, sofreram toda sorte de influências, ao mesmo tempo em que contribuíam para a formação do contexto sociocultural americano.
Tanto os antropólogos que valorizam o número e a importância dos afro-americanismos, quanto aqueles que, pelo contrário, os minimizam, reconhecem que os negros foram submetidos a pressão social exterior e forçados a se aculturarem. Voluntária e sistematicamente, os brancos tentaram destruir as culturas de seus escravos. No Brasil, por exemplo, os senhores proibiram que as religiões tradicionais africanas se manifestassem. Mas, como compensação à