O nascimento da cultura afro-americana:
O surgimento das colônias do Novo Mundo foram marcados por contrastes, em termos de cultura, poder e status. Uma pequena minoria de europeus e seus descendentes exerciam o poder, de um lado, e uma grande maioria de africanos eram dominado, de outro.
Para Mintz e Price, os africanos que povoaram o Novo Mundo não compartilhavam da mesma cultura. Se os grupos de colonos europeus já representavam tradições culturais nacionais específicas, os africanos seriam desprovidos dessas tradições. Estes eram retirados de diferentes localidades do continente africano, de numerosos grupos lingüísticos e étnicos e de múltiplas sociedades das diversas regiões. Assim, não seria plausível afirmar que os africanos transplantaram para o Novo Mundo uma única cultura. A começar, porque era incomum grupos de africanos de culturas específicas poderem viajar juntos ou se instalarem no mesmo local ao chegarem no Novo Mundo. Não havia uma cultura africana no singular, mas, de uma perspectiva transatlântica, conglomerado etnicamente heterogêneo" de indivíduos com sua cultura específica.
Um modelo de abordagem comparativa entre a heterogeneidade étnica dos africanos e das sociedades do Novo Mundo postula uma ligação direta: a cultura de determinado povo africano passou a corresponder a de determinada colônia ou sociedade do Novo Mundo (o Suriname ou a Jamaica aos achantis, o Haiti, e assim por diante). Tal metodologia é, segundo Mintz e Price, perigosa e, muitas vezes, equivocada, dada a escassez de conhecimento que se tem tanto da cultura dos escravos nessas colônias quanto da dos grupos étnicos africanos nos séculos da escravidão.
Os autores afirmam que, de modo algum, pode-se imaginar que a ruptura do escravo com o passado africano foi irrevogável. Há vários exemplos que demonstram que os escravos, em alguns aspectos, deram continuidades à