A criança e o estádio do espelho

Resenha- A criança e o estádio do espelho Esteves (2011), considerando o pensamento de Winnicott, relata que um bebê não pode existir sozinho, ou seja, nunca existe por si só. Porém é considerado parte integrante de uma relação. É um ser dependente, e, portanto, necessita de alguém que se identifique com ele, sendo capaz de atender às suas necessidades. Desse modo, não é possível pensar em um bebê sem a presença de alguém que exerça a função de maternagem e sem um ambiente que lhe permita evoluir e desenvolver seu potencial de crescimento e amadurecimento. No inicio do desenvolvimento, por conta da sua fragilidade psicobiológica, o bebê não se encontra preparado para lidar com as demandas do meio interno e externo necessitando assim, do meio ambiente maternante. O ego da criança nesse período encontra-se fragilizado, a ponto que é amparado pelo ego materno, uma vez que a mae passa a sustentar esse bebe, satisfazendo a sua independência absoluta. Nessa perspectiva, nessa etapa, o bebê ainda não estabeleceu uma distinção entre aquilo que constitui o EU e o Não-EU. RASSIAL, 1999, destaca que o “automatismo” na relação mãe-bebê permite a Winnicott estabelecer uma comparação entre a “preocupação materna primária” com a psicose. ESTEVES,2009, p.30 destaca que o termo “preocupação materna primária” foi cunhado por Winnicott para se referir a um “estado psicológico muito especial da mãe, em que sua sensibilidade em relação ao filho torna-se exacerbada. Tal estado tem início ainda na gestação, sendo acentuado no seu final, estendendo-se até as primeiras semanas ou meses após o parto”. Nesse contexto, a preocupação materna primária pode ser caracterizada como um estado de fusão emocional com o bebê, em que ela é o bebê e o bebê é ela. Esse estado é referido por Winnicott como se fosse uma “quase doença” da mãe, em que essa organização poderia ser comparada a um estado de dissociação ou mesmo a uma perturbação do tipo esquizoide.