A corrupção
As milícias surgiram já na dé¬cada de 2000, com o propósito inicial de combater os traficantes. Policiais e militares formaram grupos armados para expulsar o tráfico e estabelecer o controle em comunidades de áreas dis¬tantes das zonas oeste e norte da cidade. No começo, políticos e comentaristas viram esse grupos como solução, e mui¬tas figuras conhecidas do Rio de Janeiro apoiaram publicamente as milícias. Con¬hecidos líderes milicianos como Natali¬no Guimarães, Jerominho Guimarães e Nadinho de Rio das Pedras foram elei¬tos para a Câmara dos Vereadores e As¬sembléia Legislativa do Rio por partidos grandes como PMDB, PTB e DEM.
Mas em pouco tempo as milí¬cias mostraram seu verdadeiro caráter, grupos paramilitares mafiosos formados lugar dos traficantes, as milícias desco¬briram muitas novas formas de fazer dinheiro, primeiro cobrando uma “taxa de segurança” para todos os moradores e comerciantes. Depois através do con¬trole quase total da comunidade, da ven¬da de terrenos à exploração de máquinas caça-níqueis, passando por TV a cabo pirata, monopólio de botijões de gás, empréstimos consignados e até venda de cocos verdes. O que parecia uma solução virou um negócio mais lucrativo que o tráfico, praticando a mesma violên¬cia sobre a população, agora com total conivência do poder público
Nesse período, as milícias cresceram vertiginosamente, controlan¬do hoje quase metade (41,5%) das 965 favelas da cidade do Rio de Janeiro. E continuariam crescendo se não fosse o trabalho de ativistas do movimento de direitos humanos e a iniciativa do depu¬tado estadual Marcelo Freixo, do PSOL carioca.
Marcelo Freixo foi eleito depu¬tado por seu trabalho em defesa dos diretos humanos, denunciando a cor¬rupção policial em defesa da parte da população mais atingida pela violência: os trabalhadores pobres.
Mas o reconhecimento público desse trabalho veio de fato através da CPI das Milícias. A CPI só foi aberta após o sequestro e tortura de dois