A corrosão do carater cap 1
Richard Sennett
Todas as notas do texto do ensaio vêm no fim. Também pus no fim algumas tabelas estatísticas, preparadas por Arturo Sanchez e eu, que ajudam a ilustrar algumas tendências econômicas recentes. Aprendi muita coisa sobre trabalho com jonathan Cobb há um quarto de século. Voltei a esse tema por insistência de Bennett Harrison, Christopher Jencks e Saskia Sassen; A corrosão do caráter tenta sondar algumas deduções pessoais das descobertas que todos eles fizeram sobre a economia moderna. Com meu auxiliar diplomado Michael Laskawy, tenho a dívida do companheirismo intelectual e também da paciência ao tratar das várias questões práticas que acompanharam a pesquisa e composição do livro. Este ensaio começou como uma conferência feita na Universidade de Cambridge em 1996. O Centro de Estudo Avançado em Ciências Comportamentais me proporcionou o tempo para escrever este livro. Finalmente, eu gostaria de agradecer a Donald Lamm e Alane Mason, da w.w. Norton & Company, e a Arnulf Conradi e Elizabeth Ruge, da Berlin Verlag, que me ajudaram a dar forma ao original.
UM
Deriva
Encontrei há pouco, num aeroporto, uma pessoa a quem não via há quinze anos. Eu tinha entrevistado o pai de Rico (como O chamarei) um quarto de século atrás, quando escrevi um livro sobre os trabalhadores nos Estados Unidos, The Hidden Injuries of Class. O pai dele, Enrico, trabalhava então como faxineiro, e tinha grandes esperanças para o filho, que apenas entrava na adolescência, um garoto inteligente, bom nos esportes. Quando perdi contato com o pai, uma década atrás, o filho acabara de concluir a faculdade. No saguão do aeroporto, Rico parecia ter concretizado os sonhos do velho. Trazia um computador numa maleta de couro elegante, vestia um terno que eu não podia pagar e exibia um anel de sinete com brasão. Quando nos conhecemos, Enrico já passara vinte anos limpando banheiros e lavando chãos num prédio comercial do centro. Fazia isso sem se queixar, mas também sem nenhum