O “Descobrimento”, a “Invenção” e a conquista da América. Para refletir sobre o “descobrimento”, a “invenção” e a conquista da América, discutirei os textos de Tzvetan Todorov, Matthew Resthall e Guillermo Giucci. Todorov analisa as atitudes e conceitos empreendidos no processo de conquista da América pelos espanhóis em relação ao “outro”, denuncia a responsabilidade coletiva dos espanhóis e de toda a Europa Ocidental nos empreendimentos que marcaram a conquista e colonização da América a partir do final do século XV. Ao analisar a conquista, série de eventos cronologicamente posterior á descoberta, o autor não contextualiza temporalmente os sujeitos discursivos, de modo que não são traçadas as conexões entre os discursos produzidos em cada tempo e as relações de poder daquela época específica, que, efetivamente, restringia e vincula tais discursos. Somos, assim, apresentados a Colombo, um sujeito de mentalidade medieval que nada antecipa o homem moderno. De raciocínio finalista, suas interpretações guiam-no, sempre, rumo a um resultado concebido a priori, sendo, portanto, desprovidas de cientificidade. Seu interesse é a natureza, os nativos americanos lhe interessam apenas na medida em que integram a paisagem recém-descoberta: a eles dedica a mesma apreciação pragmática com que admira os elementos naturais, não desenvolvendo qualquer interesse em verdadeiramente conhecê-los. Estabelecidos os parâmetros e o desenvolvimento dos contatos entre os descobridores e os nativos, Todorov busca entender as razões que tornaram possível um número tão reduzido de espanhóis massacrarem o super-estruturado e riquíssimo Império Asteca. A questão não é, pois, a existência ou não da escrita, ou a superioridade material dos espanhóis: o fundamento da conquista encontra-se na própria mentalidade que determina a concepção de cada sociedade, e o papel do indivíduo e da linguagem dentro de tais estruturas. A partir do minucioso estudo destes aspectos,