A concep o de inf ncia em uma perspectiva de constru o social
CONSTRUÇÃO SOCIAL
Suzane da Rocha Vieira Gonçalves
Gabriela Medeiros Nogueira
Este texto tem como objetivo apresentar e discutir a concepção de infância, aqui compreendida como uma construção social. Para a realização das discussões realizadas neste artigo, procuramos estudar os principais teóricos que, ao longo dos tempos, vêm estudando a infância e problematizando este conceito. Nesse sentido, destacamos os estudos de Ariès, Kuhlmann Jr., Corsaro, Narodowski,
Sarmento, entre outros.
A concepção de infância, a qual conhecemos hoje, é fruto de uma construção social que ao longo dos anos foi se constituindo, a partir de determinantes políticos, econômicos, históricos e sociais. Não existe uma única maneira de compreendermos a infância, esta pode ser entendida como a concepção ou representação que os adultos fazem dessa etapa inicial da vida ou, ainda, como o período vivido pelas crianças nessa fase. Segundo Kuhlmann Jr. e Freitas (2002), a história da infância seria então a história da relação da sociedade, da cultura, dos adultos, com essa classe de idade e a história da criança seria a história da relação das crianças entre si e com os adultos, com a cultura e a sociedade (p. 7).
Destacamos que a infância tem sido reconhecida como um conceito da Modernidade, conforme evidenciou os estudos de Philippe Ariès 1 (1981) sobre a história da família e da
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Cabe salientar que apesar do reconhecimento e da importância dos estudos de Ariés, existem críticas à sua obra que apontam, por exemplo, uma tendência universalista. Porém, mesmo não sendo aceito por todos,
infância. Em sua obra, “História Social da Criança e da
Família”, o autor ao problematizar o sentimento dos adultos com relação às crianças na sociedade européia, desde o final da Idade Média e início do século XIX, demonstra que a infância, compreendida como uma fase da vida do ser humano, foi fruto das mudanças provocadas pelo início da época moderna, que culminou