A conceituação de Estilistica
O que é Estilística? Eis uma pergunta a que não se responde fácil e prontamente. Pode-se dizer, como princípio de explicação, que Estilística é uma das disciplinas voltadas para os fenômenos da linguagem, tendo por objeto o estilo, o que remete a outra embaraçosa e infalível pergunta: e o que é estilo?
Neste capítulo, que tem o caráter de introdução à Estilística com vista à língua portuguesa, serão mencionadas algumas das tentativas de definir estilo e, a seguir, os principais estudos que, no decorrer de nosso século, se têm realizado sob a denominação de Estilística. Indicaremos, então, sob que aspecto será estudada a Estilística neste trabalho.
1.1 A VARIEDADE DE CONCEITOS DE ESTILO
A palavra estilo, que hoje se aplica a tudo que possa apresentar características particulares, das coisas mais banais e concretas às mais altas criações artísticas, tem uma origem modesta. Designava em latim — stilus — um instrumento pontiagudo usado pelos antigos para escrever sobre tabuinhas enceradas e daí passou a designar a própria escrita e o modo de escrever.
No domínio da linguagem têm sido tão numerosas as definições de estilo que vários linguistas têm procurado classificá-las de acordo com os critérios em que elas se fundamentam. Assim, Geor-ges Mounin (Introdução à Linguística) reúne as definições de estilo em três grupos: 1) as que consideram estilo como desvio da norma; 2) as que o julgam como elaboração; 3) as que o entendem como conotação. Nils Erik Enkvist (Linguística e estilo) as distribui em seis grupos: 1) estilo como adição, envoltório do pensamento; 2) estilo como escolha entre alternativas de expressão; 3) estilo como conjunto de características individuais; 4) estilo como desvio da norma; 5) estilo como conjunto de características coletivas (estilos de época); 6) estilo como resultado de relações entre entidades linguísticas formuláveis em termos de textos mais extensos que o período.
Pode-se observar que