A complexidade e a empresa
Imaginemos uma tapeçaria contemporânea. Ela comporta fios de linho, seda, algodão, lã de cores variadas. Para conhecê-la, seria interessante conhecer as leis e princípios relativos a cada uma dessas espécies de fio. Contudo, a soma dos conhecimentos sobre cada tipo de fio que compõe a tapeçaria é insuficiente para conhecer essa nova realidade que é o tecido – ou seja, as qualidades e propriedades dessa tessitura. É também incapaz de nos auxiliar no conhecimento de sua forma e configuração.
A primeira etapa da complexidade indica que conhecimentos simples não ajudam a conhecer as propriedades do conjunto. Trata-se de uma constatação banal, que no entanto tem consequências não banais: a tapeçaria é mais do que a soma dos fios que a constituem. O todo é mais do que a soma de suas partes.
A segunda etapa da complexidade revela que o fato de existir uma tapeçaria faz com que as qualidades desse ou daquele fio não possam, todas elas, expressar-se em sua plenitude, pois estão inibidas ou virtualizadas. Assim, o todo é menor do que a soma de suas partes.
A terceira etapa da complexidade é a mais difícil de entender por nossa estrutura mental. Ela diz que o todo é ao mesmo tempo maior e menor do que a soma de suas partes.
Na tapeçaria, como nas organizações, os fios não estão dispostos ao acaso. Estão organizados em função da talagarça, isto é, de uma unidade sintética na qual cada parte contribui para o conjunto. A tapeçaria é um fenômeno que pode ser percebido e conhecido, mas não pode ser explicado por nenhuma lei simples.
Três causalidades
Uma organização como a empresa está situada em um mercado. Produz objetos ou serviços — coisas que saem dela e entram no universo do consumo. Mas limitar-se a uma visão heteroprodutiva da empresa seria insuficiente, pois, ao produzir coisas e serviços, ela ao mesmo tempo se autoproduz.
Isso significa que produz todos os elementos necessários à sua sobrevivência e organização.