A COMPETIÇÃO E O INDIVIDUALISMO NAS RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO: MACHADO DE ASSIS EM UM APÓLOGO
Augusto Soares da Silva (Universidade Regional do Cariri – URCA)
RESUMO: Analisando o texto Um apólogo podemos identificar um duelo entre uma linha e uma agulha para saber qual é a mais importante na feitura de um vestido. Estas personagens, embora inanimadas, retratam uma situação real que é vivida entre membros da sociedade atual. Indivíduos que disputam incessantemente por status, por um lugar de destaque no meio em que estão inseridos.
PALAVRAS-CHAVE: Egoísmo, Dominação, Sociedade, Desigualdade e Destaque.
Em Um apólogo, de Machado de Assis, nos deparamos, inicialmente, com um diálogo conflituoso e tenso entre uma agulha e uma linha que discutem entre si quem é a mais importante no processo de confecção de um vestido que será usado por uma baronesa em um baile para a alta elite da sociedade. Elas, mesmo sendo instrumentos de trabalho da costureira, ganham, a partir da linguagem irônica machadiana, ações e sentimentos humanos como a competição e o individualismo. Cada uma das duas personagens procura um motivo válido para que se sinta superior em relação à outra. A agulha se achando mais importante argumenta que é a primeira a ser pega pela costureira, é quem vai a frente abrindo o caminho para que a linha preencha-o sem muitos esforços. Em contrapartida, a linha se defende com prepotência designando o trabalho da agulha como sendo subalterno e insignificante já que ela é quem une os tecidos e dá forma ao vestido.
Nenhuma das duas personagens está disposta a reconhecer o valor da outra. Elas duas não estão dispostas a dividir, mas concorrem com o intuito de desbancar a outra, tentando provar quem é melhor e mais importante – o útil ou o belo. “Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo” (MACHADO DE ASSIS, 1998).
Apesar da competição, elas mantêm uma relação de dependência, a agulha