A CAVERNA DE JOSÉ SARAMAGO: UMA LEITURA URBANÍSTICA
Graphos
Graphos. João Pessoa, Vol 7., N. 2/1, 2005
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Revista da Pós-Graduação em Letras - UFPB
João Pessoa, Vol 7., N. 2/1, 2005 – p. 53-64
A CAVERNA DE JOSÉ SARAMAGO:
UMA LEITURA URBANÍSTICA
Heleniza M. S. de OLIVEIRA1
RESUMO
Este artigo propõe fazer uma análise literária e sociológica do romance A Caverna do escritor português José
Saramago com o intuito de abordar a dicotomia cidade/campo a partir de uma leitura urbanística. Isto posto, observaremos as influências do meio apontadas na obra através da forma literária escolhida pelo escritor com o propósito ainda de demonstrar o papel da literatura como mais uma fonte de entendimento da nossa sociedade.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura Portuguesa. Sociologia. Urbanismo.
“A violência social [do livro] é maior do que supunha o [seu] autor”.
Falar sobre Literatura e Sociologia não é uma tarefa fácil, pois exige de nós um cuidado extremo para que não cometamos o erro de tratar, num estudo da obra, uma ou outra disciplina, apenas como um apêndice. Isto posto, é comum vermos análises de obras literárias em que o crítico aborda “de um lado, os aspectos sociais e, de outro, a sua ocorrência nas obras, sem chegar ao conhecimento de uma efetiva interpenetração” (CANDIDO, 1985). O que seria, portanto, essa
“efetiva interpenetração?” Como o próprio nome sugere, deve-se haver uma interação entre essas disciplinas e suas abordagens para que uma complemente a outra.
Assim, devemos “averiguar como a realidade social se transforma em componente de uma estrutura literária, a ponto dela poder ser estudada em si mesma; e como só o conhecimento desta estrutura permite compreender a função que a obra exerce” (CANDIDO, 1985).
Desta forma, fica claro que não podemos tratar a obra literária apenas sobre o ponto de vista conteudístico, mas especialmente a partir de sua estrutura. É essencial observar que neste caso
“o social não importa como causa, nem como significado, mas como elemento que desempenha um certo papel na