A cantora Careca
SR. MARTIN – Desculpe minha senhora, mas me parece, se não estou enganado, que a conheço de algum lugar.
SRA. MARTIN – Eu também, meu senhor, parece que o conheço de algum lugar.
SR. MARTIN – Por acaso, minha senhora, eu não a teria visto em Manchester?
SRA. MARTIN – É bem possível. Eu sou da cidade de Manchester! Mas não me lembro muito bem, meu senhor, eu não poderia dizer se o vi ou não!
SR. MARTIN – Meu Deus, que curioso! Eu também sou da cidade de Manchester, minha senhora!
SRA. MARTIN – Que curioso!
SR. MARTIN – Que curioso! … Só que eu, minha senhora, saí de Manchester há mais ou menos cinco semanas!
SRA. MARTIN – Que curioso! Que estranha coincidência! Eu também, meu senhor, saí da cidade de Manchester há mais ou menos cinco semanas.
SR. MARTIN – Peguei o trem das 8 e meia da manhã, que chega em Londres às 15 para as 5, minha senhora.
SRA. MARTIN – Que curioso! Que estranho! E que coincidência! Eu também peguei o mesmo trem, meu senhor.
SR. MARTIN – Meu Deus, que curioso! Então, minha senhora, talvez eu a tenha visto no trem?
SRA. MARTIN – É bem possível, pode ser, é plausível, e, afinal, por que não!… Mas eu não me lembro disso, meu senhor!
SR. MARTIN – Eu estava viajando de segunda classe, minha senhora. Não existe segunda classe na Inglaterra, mas assim mesmo eu viajo de segunda classe.
SRA. MARTIN – Que estranho, que curioso, e que coincidência! Também eu, meu senhor, estava viajando de segunda classe!
SR. MARTIN – Que curioso! Talvez nós tenhamos nos encontrado na segunda classe, minha cara senhora!
SRA. MARTIN – É bem possível, pode ser. Mas eu não me lembro muito bem, meu caro senhor!
SR. MARTIN – Meu lugar era no vagão número 8, 6o. compartimento, minha senhora!
SRA. MARTIN – Que curioso!