A busca do graal - vol 1 - o arqueiro
A Demanda da Relíquia 1 Harlequin Bernard Cornwell
Harlequin é dedicado a Richard e Julie Rutherford-Moore. Tradução: Carmo Vasconcelos Romão. «... muitas batalhas mortíferas se travaram, com muitos seres humanos dizimados, igrejas roubadas, almas destruídas, donzelas e virgens desfloradas, respeitadas esposas e viúvas desonradas; cidades, propriedades e edifícios incendiados, e assaltos, crueldades e emboscadas levados a cabo nas estradas e caminhos. A justiça falhou devido a tudo isto. A fé cristã vacilou, o comércio pereceu e tantas outras perversidades e indescritíveis horrores, enumerados ou escritos, se seguiram a estas guerras.» João II, rei da França, 1360 Harlequin deriva provavelmente da antiga palavra francesa hellequin: um exército de cavaleiros do demónio.
Prólogo O tesouro de Hookton foi roubado na manhã do domingo de Páscoa do ano de 1342. Tratava-se de um objecto sagrado, uma relíquia suspensa das traves da igreja e era extraordinário que um objecto tão precioso pudesse ser guardado numa aldeia tão obscura. Havia quem dissesse que não deveria ali estar, mas sim ter sido guardado numa catedral ou numa importante abadia, enquanto outros, muitos outros, afirmavam que não era genuíno. Apenas os tolos negavam que as relíquias fossem falsas. Homens bem falantes percorriam os caminhos de Inglaterra vendendo ossos amarelados que diziam ter pertencido aos dedos das mãos e dos pés, bem como às costelas de santos benditos; por vezes, os ossos eram de facto humanos, mas na maioria dos casos, pertenciam a porcos e, até mesmo, a veados. Mesmo assim, o povo comprava-os e venerava-os. - É o mesmo que rezar a São Guinefort - dizia o padre Ralph, soltando uma gargalhada de troça. - Rezem a ossos de presunto, a ossos de presunto! A um porco bendito! Fora o padre Ralph que trouxera o tesouro para Hookton e não queria ouvir falar da sua transferência para uma catedral ou abadia. Assim, durante oito anos, ficou suspenso na pequena igreja, acumulando pó e teias