A beleza que salva o mundo
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A BELEZA QUE SALVA O MUNDO
A experiência religiosa do Belo
A reflexão teológica no Ocidente está marcada por uma racionalidade preocupada em expressar da forma mais objetiva possível os enunciados da fé cristã. Essa característica permite conjugar os verbos crer e pensar de forma inseparável. A dimensão mais sensível da fé, entretanto, historicamente foi mais trabalhada pela tradição oriental. Foi em meio às liturgias bizantinas, os ícones russos e o incenso oriental, que nasceu e cresceu uma reflexão atenta aos sentidos humanos, absorta na contemplação do mistério inefável e ligada à experiência mística.
Hoje, quando se pensa em termos globais e num contexto de intensa integração, Oriente e Ocidente podem unir suas perspectivas para iluminaremse mutuamente sem, contudo, perder o específico de cada tradição. É por isso que se desenvolve, aqui uma reflexão na linha da Teologia da Beleza, buscando conjugar a experiência estética, tão própria do ser humano, à abordagem teológica, não menos inerente à humanidade. Toda pessoa sente o fascínio pelo belo, onde encontra-se o sentido da vida, a razão da alegria e a conquista da verdade. O título “ A Beleza salvará o mundo” é uma afirmação provocante, que estimula a dizer mais uma palavra sobre “Qual beleza salvará o mundo?1”
Vivemos num tempo fascinante. Há um excessivo apelo ao belo. A publicidade, a juventude, os modelos e atores, os artistas e até o mercado deixam-se pautar pelo ideal estereotipado do que se convenciona como belo.
Estamos na cultura da imagem. O virtual e o real se confundem, revolucionando os conceitos e mudando comportamentos. Entre as muitas imagens que desfilam diante do homem moderno, há muitas banais e deformadas, há outras interessantes e atraentes e, ainda, há as instrumentalizadas pelo mercado. O visual tornou-se determinante na vida das pessoas, das instituições e das empresas. Trata-se não só de ser, mas de
“parecer” ser. A publicidade