A batalha de waterloo - conto
1815, dezessete de junho
Waterloo, Bélgica
Minha querida Sophia,
Aqui estamos. Apenas chegamos a Saint Jean. 44 mil soldados do exterior e 23 mil de nosso povo. Vamos lutar contra os franceses e seu maldito bastardo capitão Bonaparte — desculpe-me pelas palavras. O Duque de Wellington pensa que a chuva vai atrasar a batalha — assim como parece estar atrasando nossas forças aliadas vindas da Prússia. Talvez você não dê a mínima importância para essas informações e apenas queira saber como estou. Estou bem. Meus braços doem pelo peso das armas, mas estou bem. Queria saber de tanto antes de partir amanhã. Como estão as crianças? Como está nossa amada Inglaterra? Como está você, Sophia? Talvez nunca saiba as respostas, talvez viva para perguntá-las todos os dias. Um dos soldados disse-me que conseguiu ouvir a conversa do Duque de Wellington com algumas autoridades bélgicas, e veio a seus ouvidos a informação de que o pelotão em que ele e eu estamos ficará na guarda do monte, na fazenda de La Haye Sainte, o núcleo da força inglesa na batalha. Ali apenas permanecem os melhores e mais preciosos soldados, que não poderiam ter as vidas desperdiçadas nas linhas frontais. Apesar de desejar defender nossa terra com todos os recursos que estão ao meu alcance, é ainda maior e mais incontestável o meu desejo de estar junto a ti, e Serena, e Louis. Porém, nada é definido. Estas podem ser minhas últimas palavras e não quero desperdiçá-las em ódio e táticas de guerra. Sinto saudades suas. Mesmo a quilômetros de distância, empatizo teu desespero e ansiedade. Apesar de nossos povos compartilharem tanta antipatia, gostaria de ser eu mesmo a separar Bonaparte de sua cabeça — todavia, isto é dever para a guilhotina francesa —, e vingar as milhares de famílias que perderam seus pais na batalha contra o "General Inverno" na Rússia. Tenhamos misericórdia das vidas que amanhã serão perdidas pelos motivos esnobes de um único ser. Reze por mim, Sophia. Reze por