a avaliação como inst gestão
LEAL, E. M. . “Clínica e Subjetividade: a questão da autonomia na Reforma Psiquiátrica Brasileira”. In:
FIGUEIREDO, A. C. CAVALCANTI, M. T.(Org.). A Reforma Psiquiátrica e os desafios da desinstitucionalização. Contribuições à III Conferência Nacional de Saúde Mental - Dezembro de 2001. Rio de Janeiro: Edições CUCA - IPUB/UFRJ, 2001, v. 1, p. 69-83.
“Clinica e subjetividade contemporânea: a questão da autonomia na Reforma
Psiquiátrica brasileira”1.
Erotildes Maria Leal2
I - Clínica, subjetividade contemporânea e autonomia – uma articulação preliminar dos três termos.
A subjetividade é uma questão crucial para a modernidade. O colapso da visão de mundo medieval que tinha em Deus o centro do poder e da autoridade, deu ao indivíduo a possibilidade de autoria do mundo. A assunção do homem ao centro do universo trouxe, para o meio da cena, os temas relativos ao sujeito e a sua individualidade. A subjetividade tornou-se, desse modo, um tema da ordem do dia. Tema complexo. Pensar a subjetividade contemporânea exige a consideração de outras idéias que se mostraram igualmente fundamentais para nossa era. Algumas delas se constituíram enquanto valores fundamentais de nosso tempo. A subjetividade envolve idéia de autonomia, liberdade, auto-reflexividade, auto-responsabilidade, materialidade de um corpo, particularidades, potencialidades infinitas que conferem cunho próprio e único à personalidade3. Todos estes atributos, todavia, podem ser compreendidos como do âmbito exclusivo da singularidade e por isso mesmo isolados; ou podem ser considerados como expressão da relação “humano –social” que se forma e se constitui de modo processual4.
Para discutir a relação da clínica com a subjetividade contemporânea tomarei aqui apenas uma dessas idéias presentes no bojo da subjetividade: a idéia de autonomia. Na modernidade essa idéia é, sem dúvida, uma representação imediata da liberdade humana. É um valor que qualifica e caracteriza o