A ATM e a cirurgia ortognática
A Articulação
Temporomandibular (ATM) e a Cirurgia Ortognática
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Sérgio Luís de Miranda
Talvez uma das maiores incógnitas da Odontologia seja a articulação temporomandibular, que se diferencia das demais articulações, inicialmente por ser de dupla, depois pelo seu movimento único de rotação e translação dentro da cavidade articular.
Além disso, é uma articulação completa, com disco articular e ligamentos anterior e posterior (esse contendo a zona lamelar – área com um importante componente de inervação) (Fig. 1).
Como toda articulação, seu funcionamento depende da preservação de suas estruturas, as quais, para serem preservadas, dependem de um espaço articular adequado. Porém, essa recebe a carga dos mais potentes músculos do homem – os músculos da mastigação, os quais, quando contraídos, têm como parada a intercuspidação dental, fatores que interfiram nessa intercuspidação atuaram diretamente no espaço e na função da ATM.
Ainda, a contratibilidade da musculatura facial não é alterada apenas voluntariamente, mas também pelo sistema nervoso central (SNC), fazendo como que diversos fatores externos possam levar a uma maior contração da musculatura facial, ocasionando sobrecarga à ATM, o que resulta inicialmente em perda do espaço articular.
Fatores externos (ansiedade, estresse, concentração etc.), como características pessoais de apertamento dos dentes e o bruxismo, levam a uma hiperfunção muscular, fazendo com que esse comece a trabalhar em anaerobiose, produzindo ácido lático, o qual causa grande agressão às fibras musculares, resultando em dor, uma das principais características disfunção temporomandibular (DTM)1. Esses
Fig. 1 – Esquema mostrando a anatomia correta do côndilo em relação cêntrica.
Fig. 2 – Esquema mostrando uma situação de DI, com deslocamento do disco articular para anterior.
fatores podem, de acordo com a intensidade, causar danos intra-articulares, tais como a perfuração do disco, e seu