A Arte do Nada
Nos últimos meses, porém, ficou claro que os brasileiros ricos não querem só passar férias com a família no exterior. Eles estão investindo uma parcela maior de seu patrimônio fora do país, em ações, títulos de renda fixa e, claro, imóveis, majoritariamente nos Estados Unidos e na Europa.
Os números desse movimento ainda não foram divulgados pelo Banco Central, que só reporta anualmente o total de recursos enviados por investidores para fora do país.
Mas dez executivos de alguns dos principais bancos e assessorias financeiras do Brasil disseram a EXAME que o percentual do patrimônio que seus clientes aplicam no exterior é o maior dos últimos dez anos. Os ricos, em suma, estão dando um “bye-bye, Brasil” coletivo.
Na GPS, maior assessoria financeira do país, com 17 bilhões de reais sob gestão, a parcela do patrimônio dos clientes de altíssima renda alocada fora do país dobrou nos últimos 12 meses, para 30%. No Santander, o aumento foi de 110% desde dezembro, e hoje a fatia está em cerca de 30% do volume total.
Os demais bancos consultados — Bradesco, HSBC, UBS e outros que não quiseram ter o nome divulgado — disseram que o percentual oscila entre 20% e 30% e que as remessas para o exterior começaram a ganhar força no fim de 2013. A estimativa é que, no primeiro semestre deste ano, cerca de 4 bilhões de dólares tenham saído daqui (em 2013, o total foi inferior a 6 bilhões de dólares).
A imensa maioria desses investidores aplica, no mínimo, 1,5 milhão de dólares no mercado externo: enviar um volume abaixo desse não compensa em razão das taxas bancárias e dos custos de