A arte de esquecer - iván izquierdo, lia bevilaqua e martín cammarota

“A arte de esquecer”, por Iván Izquierdo, Lia Bevilaqua e Martín Cammarota

Em artigo que contempla o processo do esquecimento e suas possíveis causas para melhor entendermos os mecanismos relacionados com a manutenção da memória perpetuada, o trio de pesquisadores do Centro de Memória da PUCRS analisa algumas formas de esquecer, geralmente relacionadas ao teor da lembrança: a extinção, a repressão, a que segue uma memória de curta duração e, por fim, a do esquecimento real devido a sinapses atrofiadas. Pavlov descreveu a extinção como a desvinculação de um estímulo condicionado associado a outro estímulo incondicionado, o que anteriormente causava uma resposta de flexão. Essa desvinculação se dá através da exibição do primeiro estímulo sem apresentar o segundo estímulo, de modo a suprimir a memória que causava a resposta inicial. É dado o exemplo da campainha seguida do choque elétrico, ensinando o objeto de estudo a ter uma determinada reação, e depois eliminando o choque. Com isso, a memória do choque será substituída e a resposta de flexão inicial deixará de existir, devido à capacidade adaptativa do objeto de estudo, uma grande virtude comportamental que o molda à nova realidade. A extinção, que foi um método amplamente adotado a partir de Freud como tratamento para o estresse pós-traumático (utilizando fotografias salientando a ausência de perigo durante a terapia), requer a ativação de certos receptores de proteínas nas regiões do hipocampo, da amígdala basolateral, do córtex entorrinal e pré-frontal ventromedial, como testemunhado via ressonância magnética. A repressão, uma característica do trabalho de Freud, se desdobra em dois tipos: a voluntária, em que a pessoa não deseja mais lembrar sobre certos acontecimentos, e a inconsciente, em que o cérebro assume a responsabilidade de ocultar memórias negativas automaticamente, em uma ação autoprotetora. Houve um estudo que relacionou o momento exato da repressão com uma ativação do córtex pré-frontal