A arte como afirmação da vida
*Gerly Anne Damasceno Furtado
No momento da criação do universo, deu-se, aos seres do planeta terra, elementos que lhes proporcionassem suas condições de existência. Assim, foi dado a uma parte dos animais, como forma de sobrevivência, garras e chifres. À outra parte, entretanto, deu-se algo não físico, mas que lhe garantiu a mais bem estruturada sobrevivência: o intelecto. De acordo com Nietzsche (2008) p. 27:
“Como um meio para a conservação do indivíduo, o intelecto desenrola suas principais forças na dissimulação; pois esta constitui o meio pelo qual os indivíduos mais fracos, menos vigorosos, conservam-se, como aqueles aos quais é denegado empreender uma luta pela existência com chifres e presas afiadas. (...)”
Em meio à tamanha diferenciação entre os seres da terra, algo em comum foi dado a todos os animais, objetivando-se a preservação da espécie: os instintos. Houve, entretanto, por parte dos homens, um certo abandono de seus instintos, uma vez que era possuidor do intelecto e com ele poderia usar de toda a sua dissimulação e astúcia para, de forma meio que injusta, criar estratégias que lhes proporcionasse vitória implacável sobre os outros animais. Foi então que, orgulhando-se de seu poder, o intelecto aperfeiçoou de forma gloriosa seu típico disfarce, chegando a enganar a si mesmo. E é assim que nos encontramos hoje, enganados. Acreditamos que somos os seres mais importantes do universo, diferenciamo-nos de todos os outros por sermos capazes de raciocinar. Entretanto, se nossa raça fosse extinta, nada mudaria, pois o universo continuaria a existir. De nada, então, valeria termos o magnífico intelecto. Foi por chegar a esta infeliz conclusão que o intelecto preferiu manter-se “enganado” e continuar se afirmando como superior frente aos outros seres do nosso planeta. Com todo o seu disfarce e dissimulação, mergulhou em um mundo de extraordinárias aparências. Vivenciamos