A Arquitetura do Cênico
História do Teatro I - Professor Marco Antonio Ramos Borneo de Abreu
1º Ensaio
A ARQUITETURA DO CÊNICO
MARISTELLA DE MOURA PINHEIRO
Desde antes de o homem teorizar o que seria de fato a arquitetura (definição até nos dias de hoje, controvérsia) e ter controle das técnicas e práticas que compõem sua totalidade de execução, ele já participava dela. Lugar para procurar alimento, abrigo contra a chuva, frio, para proteger o sono, lugar para comer e até mesmo lugar para morrer - de acordo com Lewis Mumford, em seu livro A Cidade na História, a cidade dos mortos nasce antes mesmo da cidade dos vivos, com as cerimônias de culto aos mortos - . A arquitetura estava presente em todas as ações, até as mais puramente cotidianas. Estar vivo, pulsar, viver é participar da arquitetura, mesmo que essa, seja ainda natural e não modificada intencionalmente pelo homem.
Não se sabe ao certo quando, mas em algum momento da pré-história, algum homem buscou um sentido nos acontecimentos e começou a constituir memória. A partir do advento da memória, tem-se o ambiente propício para a criação do primeiro mito, ou seja, o mito primordial. Assim, nascem também os rituais, que são a vivificação dos mitos, são os registros deles. É o momento, também, do surgimento dos Deuses, que, do mesmo modo, invocados por rituais, trouxeram uma nova prática: a interpretação. Exemplo disso se dá nos rituais Dionísticos, em culto ao deus Dionísio. Neles, os praticantes acreditavam estarem possuídos e realizavam ações como: falar, se movimentar, dançar, se expressar, tudo isso de uma maneira que não os era habitual. Essa, é a semente da interpretação. Nasce o teatro.
Ainda no âmbito mítico, é de se notar que a arquitetura do ritual é a arquitetura das cavernas. Mumford, no primeiro capítulo de A Cidade Na História, no subcapítulo "Cemitérios e Templos", faz uma descrição interessantíssima da caverna: "Nos recessos interiores desses especiais centros de