Corpo Cênico
Scenic Body, Scenic Condition
Eleonora Fabião
Doutora em Estudos da Performance pela New York University.
Docente do Curso de Direção Teatral da UFRJ.
Escola de Comunicação
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Endereço
Av. Pasteur, 250
Praia Vermelha – Rio de Janeiro - RJ
CEP: 22.290-240.
ef383@nyu.edu
Artigo recebido em 08/07/2010
Aprovado em 10/09/2010
Costumo escrever notas antes do treino, pensamentos para trabalhar na sala de ensaio.
Então, suo essas ideias e novas anotações surgem. Acontece também de maturar experiências de espetáculo escrevendo. Outras vezes, a escrita deriva das leituras como outra etapa da pesquisa.
Gosto igualmente de conversar com meus pares, de entrevistá-los, de perguntar-lhes o que me pergunto, de saber o que eles se perguntam. E, em alguns momentos, simplesmente preciso da palavra escrita, preciso esculpir massa verbal para seguir investigando. Selecionei e elaborei algumas notas – aqui proponho uma reflexão sobre corpo cênico e estado cênico.
*
Imagino a praia às nove da manhã. Maresia, azul e luz. Lembro da sensação da correnteza repuxando as pernas e os passos, do impacto firme da primeira onda e chuá.
Mergulho: água fria no couro cabeludo quente.
Submersa: que passem por mim ondas de ondas, fluxos e refluxos do tempo.
Olho em volta: a firmeza da paisagem apesar do mar, do vento e do pássaro: a vertigem do fixo-móvel. Já fora d’água: o corpo distendido no espaço.
A praia se foi com uma onda e eu fiquei na sala – salgada.
Imaginar transforma a matéria.
Rememorar transforma a matéria.
O corpo cênico experimenta espaço e tempo potencializados e, também, o corpo cênico potencializa tempo e espaço. O corpo da cena investiga temporalidade e espacialidade, inventa minutagens e métricas, ocupa dimensões simultâneas do real. O nexo do corpo cênico é o fluxo.
O passageiro, o instantâneo, o imediato – rajada, revoada, jato. Nascendo e