A Apreensão Objetiva do Espaço pelos Antigos
Checar geocarto publicado
Maurício Waldman
Um determinado senso comum advoga o mundo ocidental não só enquanto berço do pensamento científico como também, da primazia em termos de uma aferição objetiva da realidade. Ainda que grosso modo tal colocação possa ser considerada válida, nada obsta o entendimento de que a ciência antiga logrou avanços nas mais diversas áreas do conhecimento.
Eis o que pondera a este respeito o filósofo Armand CUVILLIER: “É um erro acreditar que a ciência seja um modo de pensamento puramente moderno. A técnica que existe sob diversas formas em todas as sociedades obriga o homem a um contato direto com a natureza, sob pena de insucesso e, nesse sentido, já contém germens de positividade, como dizia Auguste Comte” (1975:132).
Ademais, é possível sublinhar várias realizações das civilizações pré-modernas em domínios como a matemática, astronomia, física e engenharia, e isto, sem deixar muito a dever ao moderno mundo ocidental (SOLLA PRICE, 1976). Particularmente no tocante ao espaço, esfera de especial importância para o mundo antigo, um prisma objetivo pode ser constatado em vários experimentos e realizações, que a despeito de uma inserção histórica já bastante longínqua, ainda podem surpreender a muitos.
Deste modo, podemos nas ilustrações abaixo (OLIVEIRA, 1988: 188 e 222), tomar conhecimento de duas notáveis conquistas da ciência da antiguidade com repercussão para a assimilação do espaço nas suas acepções ditas objetivas: a dioptra, um antigo instrumento de medida romano (1), e o método de Erastóstenes para o cálculo da circunferência terrestre (2).
1 2 A dioptra (notar a concepção notavelmente moderna do aparelho) foi utilizada intensamente durante o império romano para