A ambição do passado
A ambição do passado
Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
(CAETANO VELOSO, 1979)
O passado permanece em luta perene com o tempo, buscando formas de permanecer. Nessa sua ambição, duas ferramentas são essenciais: A memória e a lembrança, tendo sempre em vista que todo lembrar implica também em esquecer. Todo o presente transmuta-se, a cada momento, em passado. E o passado, mesmo ficando pra trás, não desaparece: ele impregna o tempo, em peleja de morte, embora só o que possa almejar é manter-se relevante, pois contra o tempo não há luta capaz de vitória.
O cinema, como arte, é aqui o principal instrumento de apropriação das memórias ali estabelecidas. Essa tensão é perceptível na trama do filme Cinema Paradiso, onde a memória e a lembrança atuam no sentido de guardar um passado, usando de várias estratégias para tal:
1- Alfredo, um dos detentores da memória do Cinema.
2- As lembranças de cineasta famoso, o menino Totó, que são ativadas quando da morte de Alfredo.
3- As memórias individuais e coletivas das pessoas que frequentavam o cinema.
4- Os prédios do cinema, enquanto patrimônio material.
5- E sim, os filmes, as películas, talvez as mais palpáveis das memórias, por congelarem um momento.
Não por acaso o filme situa as discussões sobre a lembrança dentro da sétima arte. O cinema é, talvez, o mais palpável lugar de memória dos tempos atuais. De acordo com Walter Benjamin:
O filme serve para exercitar o homem nas novas percepções e reações exigidas por um aparelho técnico cujo papel cresce cada vez mais em sua vida cotidiana. Fazer do gigantesco aparelho técnico do nosso tempo o objeto das inervações humanas – é essa a tarefa histórica cuja realização dá ao cinema o seu verdadeiro sentido (BENJAMIN, 1987, p.174).
Nessa perspectiva, acredito que os museólogos podem