A africa é agora
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Esgotadas as escolas de arte do fim do século XIX, os artistas europeus procuraram novas abordagens formais. O contato com a arte africana exposta no Museu Etnológico de Berlim e as mostras promovidas por colecionadores franceses possibilitaram esse contato e aceleraram a ruptura, mas a arte das nações africanas não é Arte (com A maiúsculo) só por causa da “descoberta” iniciada por gênios como Picasso ou Nolde.
Cabeça comemorativa de um rei Reino de Benin sec. XVIII.
Braçadeira de pulso. República Democrática
Do Congo. Século XIX
A reação dos primeiros viajantes, geógrafos, etnólogos perante a iconografia africana foi de repudio. O esforço de vontade para tentar entender o que se apresentava como oposto à estética consagrada na Europa, não foi realizado. O etnólogo alemão Friedrich Ratzel além de apontar para imperícia com que trabalham os artistas negros assegura: “Na representação do Feio nenhum povo supera os africanos ocidentais que, para cúmulo do excesso, amam tanto a escultura que não se cansam das caretas que retratam em qualquer material disponível”. Não deveríamos nos espantar com o teor deste documento escrito no século XIX já que, no século XXI sofremos do mesmo mal: a preguiça de mudar nossos critérios de avaliação diante do diferente. Nossa história pessoal formada pela herança cultural e pelas experiências singulares ás quais nos aventuramos construiu categorias estéticas com as quais julgamos o que vemos. Sem entrar no interior de uma cultura estranha não poderemos compreender seu conteúdo e jamais usufruir de sua proposta estética. Não podemos esquecer que nosso senso de apreciação da arte está formado por parâmetros europeus que se perpetuaram através dos séculos e que só aceitaram rupturas se no seu próprio seio.
A Exposição
Harpa. República Democrática do Congo Século XIX
A mostra expõe parte do acervo do Museu Etnológico de Berlim, fundado em 1873. A maior