A africa inventada
Os livros escolares de história na Europa Ocidental e inclusive no Brasil tem dado ao continente africano e às suas gentes um tratamento errado, escondendo a complexidade e a dinâmica cultural própria da África, tornando possível o apagamento de suas características especiais em relação ao continente europeu e mesmo o nosso.
Essas diferenças são tratadas segundo um modelo de organização social e política, bem como de padrões culturais próprios da civilização européia ocidental. Dessa forma os africanos são enquadrados num grau inferior de uma escala evolutiva que classifica os povos como primitivos e civilizados.
A África é entendida como se num passado remoto tivesse havido uma divisão entre uma chamada África branca com características mais próximas das ocidentais, mediterrâneas, e uma África negra, que se ignoravam mutuamente porque separados pelo deserto do Saara, ficavam privadas de comunicação.
Torna-se, portanto, evidente a existência de duas Áfricas com aspectos geográficos diferentes, classificadas em estágios de desenvolvimento diversos, povoadas por etnias distintas, branca e negra e, por fim, uma com e a outra sem história. Nessa perspectiva a África ao sul do Saara, até hoje conhecida como África negra, é identificada por um conjunto de imagens que resulta em um todo indiferenciado, exótico, primitivo, dominado, regido pelo caos e geograficamente impenetrável. Assim, a historiografia escolar do mundo ocidental coloca como início da história africana, como referência inicial o início do tráfico negreiro e da colonização da América, reforçando estereótipos raciais presentes até os nossos dias, que pode ser resumida na inferioridade da etnia africana e de seus descendentes.
A partir do momento em que foram utilizadas as noções de “brancos” e “negros” para nomear, de maneira genérica, os europeus colonizadores e os africanos colonizados, os segundos têm de enfrentar uma “dupla servidão”: como ser humano e no mundo do