A acção humana
Caracterização da acção humana
Etimologicamente, a palavra acção deriva do latim agere, que significa fazer ou agir. Alguns autores fazem a distinção entre aquilo que nos acontece (eventos - fenómenos naturais, actos acidentais, actos reflexos ou condutas) e aquilo que fazemos ou acções propriamente ditas.
Já S. Tomás de Aquino (séc. XIII) se tinha apercebido de que nem tudo o que fazemos ou realizamos constitui uma acção propriamente dita e, por isso, distinguiu as acções do homem, isto é, tudo o que fazemos enquanto seres da natureza, dos actos humanos propriamente ditos, tudo o que fazemos enquanto seres racionais e dotados de vontade livre.
Os actos humanos (...) só merecem esse título porque são voluntários e a vontade é um apetite racional específico do homem.
S. Tomás de Aquino, Somme Théologique, Les Actes Humains. Éd. de la Revue des Jeunes
Num primeiro plano - plano do acontecer - designamos actos ou eventos (que nos acontecem) aqueles que são independentes da vontade, isto é, involuntários. Por exemplo, respirar, sonhar, ou embater sem querer num vidro de uma porta são actos involuntários. Num segundo plano - plano do agir e do fazer - designamos acções propriamente ditas aquelas que, pelo contrário, realizamos consciente e voluntariamente. Neste sentido, são exemplos de actos voluntários os actos teoréticos - como reflectir e questionar - e os actos práticos - como gestos e tarefas que desenvolvemos na produção de determinado bem ou serviço (actos técnicos, voltados para o objecto) ou acções que desenvolvemos no nosso dia-a-dia que remetem para a escolha racional e que, muitas vezes, se prendem com decisões de ordem moral (acções ponderadas e deliberadas).
Podemos, assim, definir acções humanas propriamente ditas a partir da enumeração das suas principais características:
• são acções conscientes e voluntárias, isto é, realizadas com conhecimento de causa;
• são livres, porque escolhemos realizá-las desta forma,