Zoologia
Um lagarto do cerrado (Kentropyx striata) amazônico ajuda a reescrever o que a ciência sabe sobre a origem da biodiversidade tropical. Com apenas 15cm, ele mostrou que as espécies da Amazônia surgiram muito tempo antes do que era estimado pelos cientistas.
A hipótese anterior era que a enorme variedade de animais e plantas da Amazônia teria aparecido principalmente no Período Quaternário, há 40 mil anos. Conhecida como Hipótese dos Refúgios do Pleistoceno, essa teoria defende que a diversidade de espécies do ecossistema surgiu em consequência das mudanças climáticas pelas quais o planeta passou naquele período geológico.
De acordo com a hipótese dos refúgios, durante as glaciações do pleistoceno, o clima se tornou mais seco e, com isso, o Cerrado se expandiu e a floresta amazônica ficou reduzida a algumas áreas. Nesses lugares as espécies teriam se diferenciado por causa do isolamento. Nos períodos interglaciais, quando houve mais chuvas, as áreas de floresta se expandiram e o cerrado sofreu redução. O resultado teria sido a diferenciação das espécies em refúgios de cerrado.
Para reconstruir a história evolutiva dos lagartos, os pesquisadores da UNB estudaram centenas de animais coletados de diversos ambientes, foram analisados tanto na sua morfologia quanto na sua genética.
O próximo passo foi estabelecer relações de parentesco entre as diferentes espécies e decifrar quando ocorreu a especiação no gênero. Na natureza, especiação é o fenômeno pelo qual uma nova espécie surge depois que uma já existe passa por mudanças biológicas. O processo de especiação foi teorizado pela primeira vez por Darwin.
Com as pesquisas, descobriram que a espécie striata foi a primeira a aparecer há pelo menos 25 milhões de anos. Ou seja, a história dos lagartos do gênero havia começado ainda no Período Terciário. Outros estudos confirmaram que as plantas e animais da Amazônia são mais antigos do que se imaginava e que se originaram