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Entrevistas com agricultores, especialistas em saúde, representantes da Anvisa e ambientalistas mostram a realidade vivida no camp0 – fruto de questões políticas e um lobby poderoso das indústrias. Produtos banidos há anos em diversos países ainda encontram mercado por aqui e os agricultores perdem cada vez mais autonomia para grandes corporações, que controlam as sementes geneticamente modificadas e os agrotóxicos.
“Os governos aceitam os agrotóxicos como se fosse uma necessidade inevitável sem perceber que tem aí uma certa traição aos princípios ligados à saúde humana e da natureza”, diz Eduardo Galeano, escritor uruguaio entrevistado no documentário. “Em nome de uma produtividade, em nome de um critério economicista do progresso humano, o que acontece com a terra, o que acontece com a gente? A terra e a gente são muito mais importantes do que os numerinhos da produtividade”.
O uso dos agrotóxicos foi fortemente intensificado a partir da década de 60 e historicamente faz parte do desenvolvimento da indústria química e da tecnologia do pós-guerra. A Revolução Verde, termo cunhado para caracterizar as novas práticas agrícolas adotadas nos anos 60 e 70, impôs o monocultivo em áreas extensas e vendeu a ideia do aumento exponencial da produção agrícola como “desenvolvimento” e “futuro”, sem levar em conta as consequências que já sentimos na pele hoje.
“O que a Revolução Verde fez foi destruir, apagar, esquecer toda a herança, todo o acúmulo de conhecimento da agricultura tradicional ao longo dos seus 10 mil anos e criou-se um negócio totalmente novo”, diz o agricultor Fernando Ataliba em um dos depoimentos. “Essa novidade, depois de 50 anos existindo, está mostrando que ela não dá certo. O que ela está produzindo? Perda da fertilidade do solo, perda dos mananciais, perda da biodiversidade, contaminação do solo, das águas e das