Xarpi
A Galera do XarPi Carioca
Jones Vieira da Costa
Orientação da Professora Doutora
Janice Caiafa
***
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
ESCOLA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
A GALERA DO XARPI CARIOCA
Monografia submetida à Banca de Graduação como requisito para obtenção do diploma de
Comunicação Social - Jornalismo
JONES VIEIRA DA COSTA
Orientadora: Profa. Dra. Janice Caiafa
Rio de Janeiro
2009
Em seu primeiro contato com as ruas e avenidas cariocas, a Irmã Luzia Furtado, da Congregação das Irmãs Dimesse Filhas de Maria
Imaculada, fascinou-se pelas marcas e mensagens espalhadas pelos pichadores, que se tornaram, com o tempo, seus fiéis companheiros de bordo nas viagens quase diárias de Duque de Caxias ao Centro da capital. Sem repúdio àquelas inscrições, Irmã Luzia vê na ação dos pichadores um exemplo de vida pujante, regada pela liberdade, pelo desejo de ‘‘levantar poeira’’, pelo anseio de não passar despecebido, sem rastros, por este tempo. Numa de suas passagens pela Avenida Brasil, a irmã, inspirada no comportamento desses jovens, escreve uma poesia, na qual não há menção explicíta ao xarpi, muitos menos se fala de tintas nem de transgressão. Em outras palavras, Luzia não se reporta diretamente aos pichadores, mas sim à vontade de viver que emana de suas ações. Ao enviar seus versos para serem publicados neste trabalho, ela faz um pedido: “Dê um abraço aos jovens e diga a eles que compreendam o mistério que está escondido em sua rebeldia, em seu grito, em sua resposta à história”.
TESTEMUNHAR A VIDA
Respigando na palha
Garimpando no lixo
Catando o resto!
Inserida no meio dos pobres,
Mergulhada na realidade,
Sigo celebrando com meu povo
Velhos, jovens,
Mulheres, homens,
Adolescentes, crianças...
A vida mora aqui
Escondida nos rostos sofridos
Pronta para explodir!
O Deus conosco – Reino de vida
Que arranca Pão da palha,