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Três dos discursos se destacam. No primeiro deles é feita uma distinção entre dois tipos de amor, um mais elevado e sublime e outro o mais grosseiro e vulgar. O curioso é esse amor grosseiro seria o que para a maioria das pessoas hoje representaria a essência do amor romântico, ou seja, o amor entre um homem e uma mulher. E o amor sublime, portanto, seria o amor entre os iguais, mais especificamente o amor entre homens. O mais interessante desse discurso, para mim, é mostrar o quanto o conceito do amor, longe de ser algo instintivo ou mesmo natural, foi e vem sendo construído pelo homem.
O discurso que vence, é claro, é o de Sócrates. Para ele, o Amor é filho do Recurso e da Pobreza, e por isso a sua característica maior é justamente a eterna ambigüidade entre o ter e a falta, e é por isso que quando amamos nos sentimos ao mesmo tempo tão ricos e tão miseráveis.
Mas o discurso que eu mais gosto, e que me fez ler o livro de novo e de novo, é na verdade um mito sobre a origem do homem. No princípio, a raça humana não era como nós: eram seres poderosíssimos, com duas cabeças, quatro braços e quatro pernas. E por serem tão poderosos, os homens ousaram demais e quiseram invadir o próprio Olimpo. Diante de tamanha audácia, a punição de Zeus foi exemplar: tomando o machado de Hefestos, partiu cada homem, mulher ou andrógino em dois. Desde então, o ser humano passou a ser incompleto. E o amor nada mais é que a busca sem fim pela metade