William Morris
Em uma Inglaterra do século XIX, observava-se o vigor da Era Vitoriana, período de progresso e otimismo inglês, decorrente das transformações sócio-econômicas da Revolução Industrial. Situação esta que se tornou possível por se tratar de um país praticante do anglicanismo, o que permitiu a burguesia a se estabelecer prematuramente, visto que os países de religião católica consideravam pecado o acúmulo de capital.
Tal cenário carecia de uma estética que a representasse, com destaque para a burguesia ascendente, que, com a intenção de equipararem-se à nobreza, buscavam referências em muitos movimentos artísticos diferentes, apropriando-se então de uma estética eclética e desconexa, pendendo ao kitsch - considerado por alguns o mau gosto burguês.
Em meio a esse processo transitório, William Norris (1834-1896) foi um dos poucos capaz de fazer uma leitura completa do quadro artístico vigente, receitando então um resgate consciente aos valores medievais.
Norris fora capaz de, mesmo inserido nas camadas superiores da sociedade inglesa, analisar o panorama econômico-social de sua época com os olhos de um voyer, externo a situação. De onde via, considerava a transição do modelo de produção europeu sob a perspectiva negativa, uma vez que este proporcionava pouquíssima qualidade de vida aos funcionários de suas fábricas.
Insatisfeito então com o novo sistema, Morris buscava em sua obra externalizar uma retomada aos valores antigos, propondo então com isso que não só a estética fosse retomada, mas os modos de produção fossem revistos. Esse saudosismo medieval expunha-se também no caráter artesanal de suas obras, já que defendia a não substituição do artesão pela máquina, uma vez que considerava essencial pra concepção da arte alguém que não só a compreendesse, mas também a seus meios produtivos de desenvolvimento.
O romantismo de Morris consiste, não só na fuga temporal, mas também espacial: buscava referências na estética oriental e do leste europeu.