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Jihad: Duas interpretações contemporâneas de um conceito polissêmicol

Youssef Cherem M u d a n ç a s n a d e f i n i ç ã o d e j i h a d
(UNICAMP) Atualmente, principalmente depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, a palavra “jihad” entrou no vocabulário corrente. A raiz j-h-d, da qual se origina, tem o significado geral de “esforço” ou “luta” (em inglês, geralmente traduzido como to strive, exert oneself, struggle). A palavra, em si só, nem sempre tem conotação religiosa 2.
Com significado religioso, o jihad pode incluir uma luta contra as tentações
(“jihad do coração”, “jihad da alma”). Pode significar também o proselitismo do islã
(da’wa) ou a defesa da moralidade (“comandar o bem e proibir o mal”, al-’amr bilma’ruf wal-nahy ‘an al-munkar) A noção de jihad desenvolvida pelos juristas islâmicos é de “guerra com significado espiritual” – jihad fi sabili ‘llah (jihad no caminho de
Deus), jihad al-sayf (jihad da espada), sendo sinônimo, no Alcorão de qital fi sabili
‘llah (“luta”, do verbo qatala, “matar”). A palavra árabe para “guerra”, harb, geralmente é usada em contextos políticos.
A doutrina do jihad só se desenvolveu com o tempo (a partir do século II/
VIII). O termo jihad, embora com raízes profundas, é uma construção, em primeiro lugar, jurídica. Não há evidências, por exemplo, de guerras religiosas na Arábia préislâmica.3 Como lembra David Cook, o profeta Maomé nunca declarou um jihad (pelo menos não com esse termo), embora suas campanhas possam ser consideradas jihads prototípicos. Da mesma forma, as conquistas islâmicas dos séculos VII e VIII só foram classificadas como jihad depois, e não sabemos como os muçulmanos da época as chamavam (Cook 2005: 2). As narrativas da vida do Profeta (Sira) que contêm uma parte dedicada às suas expedições (maghazi). Os livros dos historiadores árabes medievais sobre a expansão do islã chamavam-se “Livro das Conquistas”
(Kitab al-Futuh). As conquistas do império otomano na Europa não eram

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