Wanderley Codo
Professor titular da Universidade de Brasília. Graduado em Psicologia (UMC, 1974), Mestre em Psicologia (UNIFESP, 1978), Doutor em Psicologia Social (PUC/SP) e Pós-Doutor em Psicologia pela Universidad de La Habana (1987), pela Ecole des Hautes Etudes em Sciences Sociales (1991) e pela London School of Economics and Political Science (1991). Principais temas de estudo: trabalho, saúde mental, educação, alienação, psicologia social, comportamento, subjetividade.
ES: O Sr. coordenou uma ampla pesquisa nacional para a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, entre 1996 e 1998, que se tornou clássica, tanto por seus cuidados metodológicos quanto pelos resultados que trouxe à luz, especialmente a detecção de Burnout na profissão docente. Gostaríamos que fizesse uma síntese dos principais resultados.
WC: Você traz a questão fundamental e muito pouco discutida do rigor metodológico. Existe um certo “aparelhamento” dos métodos de investigação cientifica que, mesmo que muitas vezes sirvam a interesses justos, acabam, por falta de rigor metodológico, trazendo prejuízos à própria categoria, ou tornando inócuos os resultados. Se perguntarmos: “Você acha que deveriam aumentar o seu salário?”, serão 100% de respostas “Sim” e a percepção de que todos ganham mal. Simplesmente, você perguntou errado. À época, a CNTE nos dizia que era preciso segurar a aposentadoria especial. Eu lhes disse que não tínhamos obrigação de fornecer dados para defendê-la – os dados poderiam, ou não, indicar essa necessidade, isto é, não se trata de resultado, e, sim, de investigação. Quanto a isso, entendo que o movimento sindical carece de pesquisas rigorosamente cientificas que possam de fato permitir conhecer melhor a categoria, pois as coisas estão ficando muito complexas. O problema é fazer sindicalismo quando você tem uma realidade complexa e num quadro extremamente favorável para poder aprender e intervir em novas áreas. O pioneirismo no rigor metodológico