Walter Benjamim
Benjamin
Georg Otte (UFMG/CNPq/ZfL1
)
Resumo: O pensamento de Walter Benjamin é marcado por pares de opostos, tais como proximidade/distância, concentração/dispersão, singularidade/multiplicação, dinamismo/inércia etc. O presente ensaio procura mostrar que essas polarizações fazem parte de uma dialética fecunda, porém não sintetizante. A “dialética em suspensão” de Benjamin não costura as rupturas existentes na modernidade, mas evidencia suas tendências antagônicas.
Palavras-chave: Modernidade, desaceleração.
É quase uma trivialidade afirmar que a modernidade consiste numa aceleração generalizada dos processos de produção, de deslocamento e de comunicação.2 Nesse sentido, a máquina a vapor não apenas tornou-se uma ícone da revolução industrial por ter substituído o trabalho humano, mas também por ter revolucionado a velocidade com a qual as mercadorias passaram a ser produzidas e transportadas e à qual as pessoas eram obrigadas a se adaptar, seja na operação das máquinas, seja pelas mudanças sociais geradas por elas.
Falar em “adaptação” certamente é um eufemismo para um processo que Karl Marx comparava, na prática, com a escravidão e que descrevia, na teoria, com o conceito da alienação. Charlie Chaplin parodiava as condições do operário do capitalismo moderno em Tempos modernos com a estética do cinema mudo. Mesmo uma década depois da introdução do cinema falado, Chaplin deu preferência à pantomima, considerando o impacto do gesto como mais expressivo do que o efeito da palavra – principalmente quando se tratava de mostrar o lado desumano dessa aceleração.
Além disso, parece que a famosa cena com Chaplin na linha de montagem, que parece passar com uma velocidade cada vez maior e que não perdoa os erros do operário, não oferece tempo hábil para se expressar por meio de palavras. A própria velocidade do processo de produção se apodera