Bangladesh - Por trás da moda...
Colapso de prédio com confecções em Bangladesh expõe o amplo uso da mão de obra barata, apesar da falta de segurança e da miséria dos operários
20 de maio de 2013 | 2h 05
JAMIL CHADE, CORRESPONDENTE / GENEBRA - O Estado de S.Paulo
No mundo da moda, campanhas de publicidade apresentam jovens conscientes das dimensões sociais do mundo, do desafio ecológico e mesmo do respeito à diversidade. Mas suas cadeias de produção escondem um submundo corroído pela exploração da mão de obra barata e por condições deterioradas de fábricas. Agora, essa situação começa a ganhar contornos políticos - e até religiosos - que ameaçam governos.
O colapso de um edifício em Bangladesh no final de abril, deixando mais de 1,2 mil mortos e mais de 2 mil feridos (mais informações nesta página), abriu as feridas do setor têxtil e da moda, que nos últimos anos embarcou na busca por fornecedores de baixo custo para poder colocar no mercado camisas, calças e centenas de outros artigos a preços baixos.
Temendo prejuízos globais diante das tragédias, empresas de todo o mundo se apressaram na semana passada a assinar acordos com sindicatos se comprometendo em garantir a segurança de seus funcionários. Especialistas disseram ao Estado que a atitude tem muito mais a ver com salvar a imagem do setor que com os trabalhadores, que há anos alertam sobre as más condições nas fábricas.
Já outros alertam que a ação pode ter sido tardia. Em Bangladesh, protestos se proliferam e grupos islamistas já usam o acidente para mobilizar um movimento para depor o governo.
O país asiático transformou-se na última década no segundo maior fornecedor de produtos têxteis do mundo, com 3,5 mil empresas exportando, 4 milhões de trabalhadores e investimentos externos no valor de US$ 19 bilhões. Mas a chegada dos investimentos só ocorreu graças a um fator: 90% desses trabalhadores ganham apenas US$ 1,1 por dia, o que permite à indústria têxtil mundial a