Vozes e Tempos – Uma história brasileira em Sinhá, de Chico Buarque
Ana Cláudia Salomão da Silva1
RESUMO:
O artigo propõe uma leitura da letra da canção Sinhá (2010), de Chico Buarque/João Bosco, sob três diretrizes teóricas. A abordagem histórico-social, com a mediação que a forma literária exige; a discussão formal dos gêneros em jogo (basicamente o lírico e o narrativo) com a análise das vozes do texto, e a dicotomia arte/ideologia, abordada sob a perspectiva da crítica literária marxista de indissociabilidade entre os elementos estéticos e ideológicos, apresentando a hipótese de que vozes sociais e tempos históricos diferentes se cruzam e acumulam na letra dessa canção.
PALAVRAS-CHAVE:
Análise literária; crítica marxista; ideologia; Chico Buarque; Karl Marx.
ABSTRACT:
The article proposes a reading of the lyrics of the song Sinhá (2010), Chico Buarque/João Bosco, from three theoretical guidelines. The historical-social approach, with a mediation that requires the literary form, the formal discussion of the genres in play (basically the lyrical and narrative) with the analysis of the voices of the text, and the dichotomy art/ideology, approached from the perspective of literary criticism Marxist indissociability between the aesthetic and ideological elements, with the hypothesis that social voices and different historical times intersect and accumulate in the lyrics of this song.
KEYWORDS:
Literary analysis; Marxist critique; ideology; Chico Buarque; Karl Marx.
1 Mestranda em Letras – Historiografia Literária – UEMS – Unidade Campo Grande
INTRODUÇÃO
Se nos brasis abunda
Jenipapo na bunda
Se somos todos uns
Octoruns,
(Casa Grande & Senzala - Manuel Bandeira, 1948)
Sinhá
Se a dona se banhou
Eu não estava lá
Por Deus Nosso Senhor
Eu não olhei Sinhá
Estava lá na roça
Sou de olhar ninguém
Não tenho mais cobiça
Nem enxergo bem
Para que me pôr no tronco
Para que me aleijar
Eu juro a vosmecê
Que nunca vi