Vittorio
Sim, sou um vampiro, como já disse, sou uma coisa abjeta que se alimenta da vida mortal. Existo com tranqüilidade, relativamente contente, na minha terra natal, nas sombras escuras do meu castelo. E Ursula está a meu lado, como sempre, e quinhentos anos não chega a ser tanto tempo para um amor tão forte quanto o nosso. Somos demônios, somos danados. Mas não vimos e compreendemos tantas coisas, não escrevi coisas aqui que têm valor para você? Não relatei um conflito tão marcado pelo tormento que alguma coisa paira aqui cheia de brilho e cor, não muito diferente da obra de Filippo? Não bordei, teci e dourei, acaso não sangrei? Olhe bem minha história e diga-me que ela não lhe oferece nada.
Com todos os encantos de seus palácios, bibliotecas, igrejas e museus, Florença — a antiga capital da Toscana às margens do rio Arno — é o mais importante cenário da história de Vittorio, que morreu para a existência humana aos dezesseis anos. Retomando o estilo usado em Pandora, Anne Rice apresenta mais um romance em que um vampiro relata a própria vida, aliás, as suas vidas: a de humano mortal e a experimentada no mundo dos não-vivos. Vittorio di Raniari era rico, feliz, letrado, apaixonado pelas pinturas dos grandes mestres da escola florentina, e sua formação completa de cavalheiro era ponto de honra para seu pai. Numa noite, entretanto, este se recusa a entregar crianças de suas terras a vampiros, o que muda por completo a vida de todos. Os vampiros se vingam dizimando, sem piedade, a família num ataque ao qual apenas Vittorio sobrevive. Amadurecido pelo sofrimento, o menino vai em busca de socorro, descobre a subserviência de uma cidade inteira aos vampiros da Corte do Graal de Rubi e desta se torna cativo, embora um rebelde cativo. Com a ajuda de anjos, destrói a macabra corte e quase se liberta do mundo das trevas, mas não resiste à paixão por Ursula — a sensual vampira que o põe a perder. A bem fundamentada