Visões do poder

VISÕES DO PODER *

Luiz Eduardo Marques da Silva

O que é o poder? A que está vinculado? Como se manifesta? Veremos, a seguir, o que alguns importantes autores refletiram sobre este fenômeno que, aparentemente sem forma, possui enormes conseqüências políticas e sociais.
Bourdieu (1991) traça o conceito de poder partindo da concepção de sistemas simbólicos, universos de construção do mundo dos objetos que, dotados de estruturas estruturantes e estruturadas, manifestam-se como aparato de dominação. Assim sendo, como tal, o poder exerce-se a partir de instrumentos de conhecimento e de construção do mundo objetivo – estruturas estruturantes – utilizando-se de instrumentos de comunicação – estruturas estruturadas –, cuja função ideológica estriba-se em impor sistemas taxionômicos políticos sob um véu concludente de categorizações filosóficas, jurídicas, religiosas etc, capazes de legitimar a dominação. De acordo com Bourdieu (op.cit.),

Poder simbólico – como um poder de constituir o dado por meio de elocução, de fazer pessoas verem e acreditarem, de confirmar ou transformar a visão de mundo e, desse modo, atuar sobre o mundo (…) um poder quase mágico que permite obter o equivalente ao que é obtido através da força (seja física ou econômica), em virtude de específico efeito de mobilização – é um poder que somente é exercido se é reconhecido, isto é, desconhecido como arbitrário. Isto significa que o poder simbólico não reside em ‘sistemas simbólicos’ na forma de uma ‘força não locucional’, mas que é definida em e através de uma dada relação entre os que exercem o poder e os que se submetem a ele, isto é, na exata estrutura do campo na qual a crença é produzida e reproduzida. (p.170, grifos do autor) Contudo, embora o permanente embate simbólico em que se encontram empenhados os agentes sociais se desenvolva no espaço social, a luta passa “pela mediação de um corpo de profissionais da representação (…) no interior do campo da produção simbólica” (Bourdieu,