Visões do fim do mundo antigo
Trata este trabalho de discorrer sobre as proposições encontradas no artigo de Gilvan Ventura da Silva O fim do mundo antigo: uma discussão historiográfica, publicado na revista Mirabilia, 1: 57-71, 2001. Nesse artigo o autor procura abordar diversas facetas da concepção de “queda” do Império Romano, e de como essa noção de “queda” ou “declínio” é modificada em consonância com as ideias das diferentes correntes historiográficas ao longo dos séculos, sendo contestada, retrabalhada e resignificada, não existindo entretanto um consenso acerca do tema, uma vez que a História é uma disciplina que continuamente se reinventa à luz do pensamento e da influência que recebe e exerce sobre as demais disciplinas das ciências humanas.
DESENVOLVIMENTO
Faz parte da natureza do homem querer explicar o mundo. Assim, desde os tempos mais antigos, procuramos explicações para os fenômenos naturais, para os comportamentos humanos e para os acontecimentos históricos. Desde a Grécia antiga, onde os primeiros pastores criaram a mitologia para explicar o mundo que os cercava, com seus deuses que eram espelhos aumentados dos próprios homens, e que depois foram assimilados pelos romanos, até as demais mitologias, sejam elas escandinavas, babilônicas, judaicas e outras, para ficarmos apenas no velho continente, o homem procurou normatizar os acontecimentos. Na Grécia, e depois em Roma, vimos florescer uma outra espécie de normatização da vida que é a Filosofia. Procurando ordenar o caos e buscando a razão de ser de tudo, a filosofia acaba tendo uma relação muito íntima com a História e com a historiografia, no sentido de que nos transmitiu conceitos que aplicamos cotidianamente ao estudo dos fatos históricos. Ademais, quando analisamos um acontecimento como o fim do mundo antigo, podemos encontrar nos pensadores do período valiosas contribuições que nos auxiliam a compreender melhor as transformações pelas quais a sociedade passava. Ao nos defrontarmos com os escritos de