Virtu e Fortuna
VIRTÙ E FORTUNA, ÉTICA E POLÍTICA EM MAQUIÁVEL
Como se afirmou na introdução, a virtù e a fortuna são temas obrigatórios para qualquer um que queira analisar o poder constituinte na obra de Maquiavel.
Nos parece que poucos trabalhos sobre a teoria Maquiavel podem deixar de examinar, ainda que rapidamente, esses conceitos, tão grande é a sua importância.
Sendo assim, doravante se analisará as diversas formas como esse assunto aparece na obra do secretário florentino, no entanto, com o enfoque voltado para o que interessa em relação à caracterização do poder constituinte em sua teoria
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0822001/CA
política.
1.1
NOÇÃO INTRODUTÓRIA DA LUTA DA VIRTÙ X FORTUNA E SUA
RELAÇÃO COM O TEMPO SEGUNDO MAQUIAVEL
Para entender de forma completa a obra de Maquiavel é imprescindível que se analise a leitura que é feita do tempo na sua teoria. É só compreendendo adequadamente a forma como o autor concebe o tempo que se poderá chegar a um entendimento exato sobre os temas que ele propõe, principalmente a relação entre virtù e fortuna, relação que é ponto chave na teoria política maquiaveliana.
Em uma primeira aproximação, percebe-se que nos primeiros capítulos dos
“Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio” Maquiavel parece adotar uma noção cíclica do tempo, conforme teorias de Políbio e Platão. É certo que
Maquiavel, na mesma esteira de Políbio, ao falar sobre as formas de governo, afirma que existem três formas boas que sempre acabam se convertendo em três ruins. Assim, as três formas boas seriam a monarquia, a aristocracia e a democracia. No entanto estas três, quando adotadas, invariavelmente, após passado algum tempo, se corromperiam transformando-se em uma das três formas
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ruins com que mais se assemelhasse, ou seja, a monarquia se tornaria tirania, a aristocracia em oligarquia e a democracia em anarquia.
Veja nesse sentido as palavras de Maquiavel:
(...) direi o que dizem alguns que