violência
Abuso sexual só é cometido por estranhos mal-encarados, em lugares desertos e com meninas desacompanhadas. Isso tudo não passa de história da carochinha.
Na verdade, meninas e meninos de todas as classes sociais são violentados, na maior parte das vezes, dentro de casa. E os abusadores são, nessa ordem: pais, padrastos, parentes e amigos da família.
“Dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes que atendemos, 85% dos agressores são da família, e o pai biológico é o principal abusador”, diz a psicóloga Dalka Ferrari, do Núcleo de Referência às Vítimas da Violência, do Instituto Sedes Sapientiae.
Os especialistas apresentam pesquisas cujos números variam, mas todos são unânimes em afirmar: o abuso doméstico é a principal violência sexual praticada contra adolescentes e crianças.
“Em nossas pesquisas, 76% dos agressores são extrafamiliares, sendo que 34% deles são conhecidos das vítimas. Os agressores intrafamiliares somam 23%.
Mas vale lembrar que esses dados são maquiados. Com certeza, no mínimo 50% dos abusos acontecem em casa”, diz o ginecologista Carlos Diegoli, do Pavas (Pro grama de Atenção às Vítimas de Abuso Sexual da Faculdade de Saúde Pública da USP).
Essa maquiagem, segundo ele, se deve a um “pacto de silêncio” travado entre os integrantes das famílias em que ocorre o abuso. A estimativa é de que só 10% dos casos são revelados.
Na maior parte dos casos, não fala para ninguém sobre o abuso “Além de o tema ser ‘proibido’, é muito difícil para uma filha denunciar o próprio pai ou um parente. Já a mãe quase sempre finge que não vê o que está acontecendo”, diz Diegoli. Ou seja, o assunto é tabu. E, por isso mesmo, cercado de mitos.
Coleção de mitos
O primeiro deles é achar que o abuso sexual só atinge meninas. Apesar de elas serem as grandes vítimas (cerca de 80%), os meninos também são abusados, principalmente na infância.
Outro mito: se não houve penetração, não foi abuso. Qualquer tipo de