Violência Urbana
A violência no Brasil possui uma raiz inseparável à sua história: o descaso com a população, refletido nas precárias condições de moradia, saúde, alimentação e educação, recursos indispensáveis à formação do indivíduo. Os quais, quando banalizados, incitam, ao mundo do crime, as pessoas sem oportunidades, numa reação em cadeia que atinge proporções incontroláveis.
O país vive um dos maiores panoramas de violência de todos os tempos, no qual o crime tornou-se saída para sobrevivência, e facções criminosas tomam o lugar que o Estado não se responsabilizou, a exemplo das favelas, onde as quadrilhas resolvem questões de famílias, empregam, introduzem capitais e organizam o cotidiano destas, formando um verdadeiro poder paralelo, como paliativo ao abandono a estes setores sociais.
O surto de violência em que vive o país é um fato previsível diante de nossas estruturas. Nossas desigualdades são gritantes e, como diriam os marxistas, os desníveis sociais, quanto maiores, culmina em uma luta de classes, que no Brasil assume uma face desordenada e sem cunho ideológico: o crime. O combate efetivo à violência no país é uma questão bem mais profunda do que aparenta. Não bastam apenas represálias, e sim uma reestruturação de nossas bases sociais, partindo de um menor desnível entre classes, da distribuição de oportunidades para que nossa população possa viver condignamente. Pouco adianta construções de presídios gigantescos e cheios de tecnologia, que acabam tornando-se verdadeiros disseminadores de mais crimes, pois todo efeito pressupõe uma causa, e para sua anulação é preciso combater seu iniciante: o descaso social.