Violência Doméstica
TEMA – A RAZÃO E A EMOÇÃO
As pesquisas de António Damásio sobre vários casos de doentes cujos danos nas áreas pré-frontais do cérebro, provocados por acidentes vasculares cerebrais, traumatismo craniano ou tumor, provocavam uma modificação na capacidade de decidir, especialmente em situações de carácter pessoal e social que envolvem risco e conflito, levou-o a concluir que, diferentemente do que se pensava, as emoções e os sentimentos não são um obstáculo ao funcionamento da razão; estão envolvidas designadamente nos processos de decisão. Analisemos brevemente o processo de tomada de decisão, para enquadrarmos as descobertas de António Damásio. Assim, quando temos de tomar uma decisão, é preciso:
1. Ter conhecimento da situação sobre a qual se tem de decidir;
2. Conhecer as diferentes opções de acção;
3. Conhecer as consequências de cada opção no presente e no futuro.
Sobre as várias possibilidades relativamente às quais temos de exercer a opção, fala-se de raciocínio, de atenção, de memória, mas os termos emoções e sentimentos estão ausentes. Remete-se a capacidade de decidir para um processo lógico capaz de produzir inferências que nos conduzam às melhores opções.
António Damásio considera que a selecção das melhores opções não é necessariamente produzida através do raciocínio. Omite-se a existência de um mecanismo que cria um repertório que orienta as diferentes opções para a selecção. Durante muito tempo, considerou-se que, para se tomar uma decisão, as emoções teriam de ficar de fora porque só poderiam prejudicar a escolha da melhor opção. Damásio chama a atenção para o facto de que a análise de todas as possibilidades e as respectivas consequências lógicas inviabilizariam qualquer decisão. A análise rigorosa de cada uma das hipóteses levaria tanto tempo que a opção escolhida deixaria de ser oportuna, ou, então, perder-nos-íamos nos cálculos das vantagens e das desvantagens. Damásio descreve a incapacidade de um dos